A Associação Industrial Portuguesa – Câmara de Comercio e Indústria e a Parceria Portuguesa para a Água, no âmbito do AcquaLive, decidiram instituir o Prémio Carreira no sector da água.
Este prémio destina-se a distinguir uma personalidade, de reconhecido mérito, que ao longo de uma carreira tenha contribuído de forma notável para o progresso da gestão e utilização sustentável da água em Portugal.
Em 2012 a Comissão Organizadora do evento atribuiu o Prémio Carreira ao Professor Luís Veiga da Cunha.
O Prof. Luís Veiga da Cunha ao longo de cerca de 50 anos de actividade profissional deixou uma marca indelével no domínio dos recursos hídricos em Portugal e tornou-se a principal referência do nosso Pais, neste domínio, em todo o mundo.
Como professor, investigador, projectista, consultor e gestor de ciência, a sua actividade desenvolveu-se em diversos domínios, sempre relacionados com a água, o ambiente, as alterações climáticas e as suas implicações sociais, económicas, técnicas, políticas e humanas.
O rigor técnico e científico, aliado a um elevado sentido de responsabilidade e de intervenção social fizeram dele um dos mais distintos e reconhecidos profissionais do sector.
Licenciou-se no Instituto Superior Técnico em Engenharia Civil, em 1959, e doutorou-se naquela escola em 1971.
Iniciou a sua actividade como investigador em 1963 no Serviço de Hidráulica do LNEC e exerceu, entre 1971 e 1983, a chefia da Divisão de Hidrologia e Hidráulica Fluvial daquela prestigiada instituição.
Durante este período criou condições para que a tradicional visão meramente técnica dos problemas da água em Portugal começasse a dar lugar a uma visão integrada, incluindo as dimensões económica, social e ambiental.
Um marco importante desta actividade foi a publicação em 1980, pela Fundação Calouste Gulbenkian, do livro “Gestão da Água: Princípios Fundamentais e sua Aplicação em Portugal”, de que é primeiro autor, e que contribuiu decisivamente para a forma como a gestão dos recursos hídricos é encarada no nosso País.
De assinalar, também, o facto de ter sido um dos principais membros fundadores, em 1977, da Associação Portuguesa dos Recursos Hídricos, de que foi primeiro Presidente. Esta foi a primeira associação técnico-científica e profissional do sector da água em Portugal.
Entre 1979 e princípios de 1980 integrou o 5º Governo Constitucional como Ministro da Educação.
Entre 1983 e 1999 desempenhou as funções de Administrador da Divisão dos Assuntos Científicos e Ambientais da NATO, em Bruxelas, órgão executivo do Comité Científico e do Comité dos Desafios da Sociedade Moderna.
A partir de 1999 retomou a actividade de docência e investigação científica como Professor Catedrático da Universidade Nova de Lisboa.
É autor de vasta bibliografia científica e técnica, com cerca de cento e cinquenta trabalhos publicados, entre os quais cerca de um terço como livros e capítulos de livros.
Foi coordenador entre 1999 e 2006 do tema de Recursos Hídricos no projecto SIAM sobre “Alterações Climáticas em Portugal. Cenários, Impactos e Medidas de Adaptação.
Entre 1998 e 2007, foi o único cientista português “Autor Principal” dos relatórios do Painel Internacional sobre Alterações Climáticas (IPCC). Recorda-se que o IPCC foi galardoado com o prémio Nobel da Paz em 2007.
É membro do Conselho Nacional da Água desde a sua criação em 1994, por convite de sucessivos responsáveis ministeriais que tutelam o sector.
É membro da Academia das Ciências de Lisboa, da Academia de Engenharia de Portugal e da Academia da Água de França, tendo sido o primeiro membro estrangeiro desta Academia.
É Grande-Oficial da Ordem do Mérito de França e Grande Oficial da Ordem de Santiago de Espada de Portugal, condecorado em 1998 pelo Presidente da República, que, na altura, sublinhou o “seu grande mérito como investigador, nomeadamente como um dos grandes precursores do estudo científico da água em Portugal, gestor de ciência e responsável pela dinamização de programas internacionais, integrando a ciência e a tecnologia no esforço para o desenvolvimento económico e social e para a paz”.
Provando que a sua já longa e prestigiada carreira está muito longe de estar terminada, é, desde 2010, Coordenador do “Think Tank Gulbenkian sobre Água e o Futuro da Humanidade”, um grupo internacional de alto nível, constituído por iniciativa da Fundação Calouste Gulbenkian.
Este grupo congrega onze prestigiados cientistas de diversos países de todos os continentes e tem por objectivo identificar os principais problemas relacionados com a água e a sua governância, a nível global, no horizonte de 2050.
Pela vasta, fecunda e brilhante carreira, que deixou, e deixa ainda, uma marca indelével na forma como este sector é encarado em Portugal, e pelo prestígio que alcançou a nível internacional, o prémio carreira foi atribuído ao Professor Luís Veiga da Cunha.